Por Leticia Paranhos
Um dos passatempos preferidos das crianças são os desenhos. Neles, elas conseguem pôr no papel pensamentos, representações dos pais, de amigos, de lembranças e tudo o que vier à cabeça.
Mas acontece que, nós adultos, nem sempre damos a devida importância à esses desenhos, que podem conter informações muito ricas sobre o que se passa com o indivíduo que os fez.
Confesso que, ao me aprofundar no assunto, apesar de já ter estudado superficialmente sobre a importância dos desenhos, me surpreendi ao perceber que eles podem revelar coisas profundas que muitas vezes nossos filhos e alunos não têm a intenção de comunicar.
Pode parecer bem confuso. Por que uma criança faria um desenho que representa e deixa nítido algo que ela não quer relevar?
Para responder essa pergunta, tenho que te dar algumas informações úteis sobre o inconsciente:
Considerando as informações acima, posso te dizer que, quem está tentando passar uma mensagem ao fazer um desenho não é só o consciente, mas o inconsciente também participa, passando despercebido.
No livro Análise de desenhos, existem inúmeros exemplos de formas diferentes que o inconsciente tem de comunicar algo, sem que a criança se dê conta.
Grande parte dos exemplos citados no livro são de crianças e adolescentes que fizeram dois desenhos, em folhas diferentes, que, quando sobrepostos em frente à luz, revelavam outra figura.
Quando mostrada a figura para a criança, ou adolescente, ele se dava conta do que era, pois para ele fazia total sentido;
A figura representava o sentimento que estava sendo reprimido naquele sujeito.
Só então, depois de ser mostrada essa nova “figura” para essa criança ou adolescente, ele percebia a “coincidência”, quase todas as vezes sem entender como aquilo aconteceu, se sua intenção ao desenhar não era aquela.
Outros casos eram os dos desenhos na frente e no verso da mesma folha, que também revelavam figuras intrigantes.
Todos esses casos, foram feitos em uma sessão de psicanálise, na qual o psicanalista observou o paciente através do desenho.
Ele pedia para que as crianças fizessem os desenhos, mostrava e conversava com elas sobre a figura de forma leve. Nos casos em que o desenho revelava alguma figura que fazia sentido, essa criança também revelava algo importante, algo que tinha ligação direta ao motivo dela estar na sessão.
Portanto, é de extrema importância que as crianças tenham liberdade para desenhar, aproveitem o máximo possível da sua criatividade com lápis e papel. Pois através disso elas se expressam e também se divertem.