Uma Advogada Extraordinária


Por Leticia Paranhos


A série “Uma advogada Extraordinária", trata da história de uma advogada autista que enfrenta as dificuldades do espectro no meio jurídico.

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Episódio1 - A Extraordinária Advogada Woo.

Aos 5 anos, Woo Young-woo ainda não falava nenhuma palavra. Seu pai a levou em um pediatra, que o informou que ela podia ser autista, mas que para ter certeza, teriam que investigar mais a fundo.

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A solidão do Pai de Young-woo.

Cenas de sua infância mostram o quanto o pai de Young-woo se sentia sozinho muitas vezes, além do fato de a mãe da menina ter os abandonado quando ela ainda era um bebê, ele também não se sentia conectado emocionalmente à filha. Quando ele falava, ela não o respondia e muitas vezes nem olhava para ele. Em uma das cenas, o pai de Young-woo se machuca e diz para ela “o papai vai chorar” esperando que nesse momento ela reagisse de alguma forma, mas isso não acontece. 

É importante levarmos em consideração que os autistas não são todos iguais, continuam sendo indivíduos únicos mesmo dentro do espectro. Existem diversos tipos de autismo diferentes, mas mesmo entre indivíduos que se encaixam no mesmo tipo de autismo, ainda há diferenças, pois todos são seres singulares. 

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Essas cenas representam uma solidão que pode ou não ser sentida por pais de autistas, mas achei interessante que a série tenha tocado nesse assunto pois quase não se fala dos pais de crianças neuroatípicas e de como a experiência deles é diferente da experiência de pais de crianças neurotípicas.


A inteligência avançada de uma autista.

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Em certa altura do primeiro episódio, um dos vizinhos de Young-woo começa a agredir seu pai. Nesse momento ela começa a citar a lei de injúria corporal, o que faz com que a agressão pare. Essa foi a primeira vez em que a menina, ainda criança, fala.

Ao chegar em casa, o pai de Young-woo a questiona sobre onde ela aprendeu tudo aquilo, e ela responde “Direito Penal”.

Claramente, até esse momento o pai de Young-woo estava muito preocupado pelo fato de ela ainda não ter dito nenhuma palavra. A forma convencional e mais comum de nos expressarmos e expor o que estamos pensando é a fala, dessa forma, imagino que ele realmente não conseguia entender o que estava acontecendo ou se ela tinha uma boa capacidade de pensamento. 

Ao se deparar com aquelas palavras, é possível ver o alívio do pai de Young-woo por saber que a filha era não só inteligente, como também tinha ultrapassado expectativas para uma criança daquela idade.

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A vivência em sociedade de uma autista.

Já na fase adulta, a série evidencia aspectos do TEA na vivência de Young-woo.

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Ela usa abafadores para evitar o barulho muito alto, tem a necessidade de comer sempre a mesma coisa, de forma que consiga ver os ingredientes para que seja "confiável" e não haja nenhuma surpresa na textura do alimento;

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Usa plaquinhas com as fotos do seu pai (sorrindo ou bravo, por exemplo) que representam diversos tipos de humor, para que ela possa identificar como está se sentindo naquele dia e assim os reproduza e tem dificuldades em trocar de ambiente.

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Apesar disso, Young woo é completamente capaz de outras tarefas comuns cotidianas, como andar de transporte público sozinha, ir para lugares distantes e etc. Nesse episódio ela vai até a agência de advocacia em que vai começar a trabalhar, ao chegar lá, se depara com um desafio: passar por uma porta giratória.

Por ter dificuldade em mudar de um ambiente para o outro, ela se prepara todas as vezes que vai passar por uma porta(mesmo comum). E passar por uma porta giratória é uma tarefa ainda mais difícil.

Young-woo encara o desafio de passar pela porta giratória, consegue vencê-lo, e ao chegar ao escritório do seu novo chefe, se apresenta de uma forma um pouco inusitada.

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Young-woo enfrenta desafios no trabalho

Após uma colega de trabalho ficar brava e ofender Young-woo, chamando-a de estúpida, ela diz:

“Woo Young-woo, a que se lembra de todo livro desde que nasceu, mas não atravessa uma porta giratória.” 

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Isso retrata a forma como indivíduos com TEA podem se sentir em alguns momentos. Pois tarefas consideradas simples por pessoas neurotípicas, para alguns deles podem ser consideradas extremamente difíceis. Enquanto tarefas mais complexas, para as quais normalmente precisa-se de muita inteligência, podem ser muito mais fáceis para alguns deles.

Logo depois, Yong-woo pega seu primeiro caso, no qual vai ter que ir a tribunal, defender uma cliente. Nesta cena, o juiz a chama, e ela demora um pouco para respondê-lo, o que assusta um pouco as pessoas presentes no tribunal. 

Mas logo após o silêncio, ela se levanta e esclarece ao júri que tem transtorno do espectro autista, dizendo:

“Eu tenho transtorno do espectro autista, então, para muitos, minha fala e minhas ações podem parecer estranhas.

Mas tenho amor pela lei, e respeito pela ré, assim como qualquer advogado. Como advogada, farei o meu melhor para ajudar a ré a esclarecer a verdade sobre este incidente.”

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Esta cena nos mostra que independente de ter um jeito diferente de falar ou agir, ou até mesmo outras atipicidades, um indivíduo autista também pode se dedicar, dar o seu melhor, ter amor pelo que faz e  muito sucesso.


O primeiro caso

Neste episódio, a advogada está ajudando em um caso em que uma Senhora agrediu seu marido, o que supostamente o fez desmaiar e parar no hospital com hemorragia cerebral. 

Este casal de senhores, coincidentemente são conhecidos de young-woo:

O vizinho que agrediu seu pai quando ela era apenas uma criança e sua esposa, uma mulher que sofreu a vida toda com insultos do marido.

A acusação tenta condenar a ré por tentativa de homicídio. Já a defesa, que conta com Young-woo, tenta provar que não houve a intenção de matar, e que este é um caso de injúria corporal.

Em meio a este processo, a vítima morre, e a acusação solicita que o caso passe de tentativa de homicídio para homicídio. O que torna tudo mais difícil.

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Porém, em uma conversa com a ré, Young-woo se dá conta de que a vítima já vinha sentindo dores de cabeça antes mesmo do acontecido, o que poderia indicar que a morte teve outra causa. Ela leva isso ao tribunal e junto ao médico que fez o laudo, conclui que há possibilidade essa possibilidade. Assim, ganhando o caso e livrando a senhora de ir para a prisão.